sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O panda de pelúcia.

Insônia. Não, não é nenhuma novidade passar a madrugada se revirando na cama e tentando fechar os olhos sem sucesso. Apesar do corpo cansado, tem uma mente irrequieta, que sempre cisma em despontar às altas horas da noite.
Bebeu água. Ligou o ventilador. Puxou mais uma coberta. Tirou a coberta recém puxada. Mudou de lado, passou a mão por baixo do travesseiro. Nada. Nenhum sono. Quase se arrependia de não ter saído pra beber, mas estava tão cansada algumas horas antes que lhe pareceu mais conveniente tirar a noite pra recompor as energias. Pfff. Boa piada, é o que soa agora.
Chegou o momento da auto análise, enfim. Por que não consegue dormir? O quê, depois de tanto tempo de noites relativamente tranqüilas, a faz perder o sono? Abriu os olhos, procurou o bichinho de pelúcia. É isso. E se for isso? Um arrepio lhe subiu pela espinha. Finalmente, depois de tanto tempo vagando pela superfície dos sentimentos, desconfia estar gostando de alguém. Gostando sim, com direito a saudade, a querer ouvir a voz dele, a esperar por um telefonema distante no dia seguinte, quem sabe?, a procurar o bichinho de pelúcia com seu perfume que ficou pra suprir um pouco sua ausência.
Acha que é por isso que não consegue dormir. Porque tem muito medo de ser feliz. E porque talvez já não tenha tanta escolha, e a felicidade já esteja se impondo coração adentro, sob a forma de um panda de pelúcia que a observa da cabeceira.