segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Carta da Dorothy.

"Não se desespere, não
Nem nunca deixe de sonhar
Nasça sempre com as manhãs
Deixa a luz do sol
Entrar no seu olhar."

Porque há mais, e é sempre mais, insuportavelmente mais. Há o desnecessário e o irrelevante, mas o todo é único, com todas suas partes complementares e interdependentes. E o bem nem sempre é o fácil, o imediato. Carpe noctem, querido. Aproveitemos a dor e vivamos o caos que antecede a revolução.

The long and winding road will lead you back to your door.

***
Mais Hamlet, menos Ofélia.
(aguardem Dorothy, minha nova personagem, no cinema)

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O que faz sentido

“A minha surpresa é só feita de fatos
De sangue nos olhos e lama nos sapatos
Minha fortaleza
Minha fortaleza é de um silêncio infame
Bastando a si mesma, retendo o derrame
A minha represa”
Chico Buarque de Hollanda.


Isso me vem assim, de supetão, da mesma forma que esse texto começa. Não sei se o que eu quero é aquilo com que realmente me importo. Em que medida meu desejo faz sentido, em que medida meus ímpetos suprem necessidades relevantes? E, pior, que buracos devem ficar destampados, que ausência deve crescer, doer e, bem mais tarde, me transformar no que realmente preciso ser? Tanta coisa que eu quero e que, quando tenho, me faz mal... Tanto tapa-buraco que a gente arranja por covardia, por carência e por cegueira... Enfim...

Allegro, ma non troppo. Nunca. Esse hábito triste de se enganar, de fantasiar soluções miraculosas, de se agarrar a qualquer tábua como se fosse a de salvação. Projetar questões maiores em objetos ínfimos, irrelevantes, e permanecer nessa camada sem substância, meramente concreta, um holograma daquilo que é a causa maior. Daquilo que faz algum sentido, ou não faz sentido nenhum, mas de qualquer forma é a dimensão essencial.

A conclusão primária e precária: preciso me negar algumas coisas, diagnosticar aquilo que eu busco tanto e tanto buscando uma coisa completamente diversa. E que não deveria buscar. O que deve brotar, sozinho, em mim, e quem sabe depois partir para o mundo. Preciso me privar de soluções imediatistas, mesmo que me rasgue, chore, sofra e outras atitudes igualmente dramáticas, apoteóticas e infantis, bem ao estilo de quem sente mais exatamente por saber que precisa sentir, que todo esse mal faz sentido e, ele sim, é necessário e relevante.

(E a fragilidade disso. A gota d’água. Qualquer desatenção, faça não. E obrigada, Chico.)





Impressionante como esse blog, realmente, é um divã. Rs. E a falta de atualização foi devido ao Festival do Rio, surtei, gente.